Direita, esquerda e centro: quem realmente manda no Brasil?
Enquanto uns brigam, bloqueiam amigos e discutem na internet, sabe o que Lula e Bolsonaro fazem? Se unem para eleger os mesmos presidentes no Congresso. Isso mesmo. Tem gente da extrema esquerda revoltada e da extrema direita indignada, mas, lá no topo, os dois maiores líderes do país apertam as mãos e garantem que seus aliados comandem o parlamento brasileiro.
O Partido Liberal (PL) de Bolsonaro, por exemplo, até tentou se impor na última eleição do Senado. Lançou candidato contra Rodrigo Pacheco… e tomou um baile. Foram dois anos sem espaço, sem comissões, sem influência. Aprendeu da pior forma que, sem o centro, ninguém governa. Agora, mudou de estratégia: melhor negociar do que ficar mais dois anos no banco de reservas. Assim, ambos os lados, unidos ao centro, elegeram Davi Alcolumbre para a presidência do Senado.
Essa movimentação não é apenas tática, mas essencial para a sobrevivência política. Para Bolsonaro, manter a direita como protagonista de algumas situações ainda é um caminho viável. Afinal, sem a base governista, o PL não teria qualquer chance de eleger representantes para as duas Casas Legislativas. A solução? Unir-se ao inimigo e garantir espaço. Pode parecer contraditório, mas, na prática, essa aliança pode ser um trunfo para conquistas consideráveis nos próximos dois anos.
E sabe o que é mais irônico? Quando Bolsonaro foi presidente, ele precisou do mesmo centro que agora sustenta Lula. Precisou ceder, entrar no jogo, aceitar o toma lá, dá cá, porque sem isso, sequer haveria governabilidade. Tentou governar sozinho no início e percebeu rápido que esse caminho levaria ao isolamento. Resultado? Aliou-se ao centrão, fez concessões e manteve o governo funcionando.
Na Câmara, o roteiro se repetiu. 17 partidos, do PT ao PL, se uniram para eleger Hugo Motta. O discurso da “nova política” já virou passado. O que vale é garantir cargos, influência e presença nas decisões. E quem decidiu tudo? O centro, de novo.
Quem realmente manda no Brasil?
A verdade é simples: não existe direita nem esquerda sem o centro. No final, quem governa é quem sabe negociar. Os lados ideológicos dependem da força das negociatas e da união com o centro para conseguirem avançar em suas pautas.
Enquanto isso, quem segue preso nesse jogo é o eleitor. A polarização faz com que as pessoas se ataquem, defendam políticos como se fossem torcidas organizadas e enxerguem tudo como uma batalha entre o bem e o mal. Mas, nos bastidores, os acordos acontecem e o que realmente tem movido a política brasileira é o pragmatismo.
O jogo real da política não acontece nos discursos inflamados ou nas redes sociais. Ele acontece nas negociações, nos bastidores, nos acordos que definem o futuro do país. E, goste ou não, o Brasil sempre segue sendo governado por quem sabe jogar esse jogo.
Por Ivan Lara